CRÔNICA Nº 46
MÃE DESESPERADA, MÃE INDIGNADA
As pessoas acham que as mães são
pessoas exageradas, preocupadas em demasia e que não têm razão para isso. As mães são extremosas, realmente, mas elas
têm motivos suficientes para serem
assim; seja na capital ou no interior, porque as coisas ruins que podem atingir
seus filhos estão em todas as partes. As drogas, os vícios, as violências, a
fome, a pobreza extrema, enfim tudo aquilo que pode fazer os filhos sofrerem.
Encontrei uma mulher que saía da
Delegacia do Menor Infrator, e andando próxima a ela, ela puxou papo comigo
dizendo que a justiça era lenta e que nunca resolvia nada. Perguntei o porquê
ela apareceu naquele lugar... ela me contou que seu filho tem 12 anos e já está
roubando, usando drogas e traficando. Contou também que já tinha ido ao
Conselho Tutelar e ao Juizado de Menores. Lá no conselho mandaram-na para o
juizado e o juizado por sua vez a mandou para a delegacia. Ela foi, foi à
delegacia assim como foi às outras duas instituições pedir pelo amor de Deus que pegassem o filho
dela e o colocasse internado, pois ela não aguentava mais o menino, não sabia
mais o que fazer, porque ele não a obedecia, fugia de casa para fazer coisas
erradas e ela estava vendo a hora de ele ir embora e não voltar nunca mais, em
palavras claras, medo de morrer pela ru,a assassinado, Deus sabe por quem.
Pois bem, este menino apesar de
ter essa mãe preocupada, pai e casa, vive pela rua, dorme por lá e não volta
pra casa. O dia que essa mãe vai procurá-lo por toda a cidade e pegá-lo, resgatá-lo,
ela simplesmente não dorme de noite só vigiando pra que ele não saia, ou seja,
ela tem uma vida infernal.
O pior e mais impressionante
nesta história é que a sociedade chegou a tal ponto que uma mãe se
vê obrigada a, ela mesma, entregar esse filho nas mãos da justiça por medo de
perdê-lo de forma irremediável. A justiça então faz com que essa mãe fique
igual a uma bolinha de ping-pong, indo para lá e para cá, sem nada resolver, mas se ela,
em uma atitude desesperada o amarrar em casa, por exemplo, para que não fuja,
os próprios vizinhos darão queixa dela e ela será processada e talvez até presa por isso; se der uns tapas de vez em
quando, acontecerá a mesma coisa... então o que fazer? Deixá-lo morrer na rua?
Esperar que ele mate alguém ou seja morto por aí? Perguntas que não tenho
respostas e talvez ninguém as tenha, mas algo precisa ser feito pela infância
brasileira e baiana, alguém tem que ajudar essas mães que não sabem o que fazer
para proteger seus filhos da violência, da droga e da falta de perspectivas na
vida.
Alba Brito Mascarenhas
Salvador, 26 de setembro de 2012.
infelizmente isso é brasil
ResponderExcluirpor chato