sábado, 29 de setembro de 2012

MÃE DESESPERADA, MÃE INDIGNADA



CRÔNICA Nº 46
MÃE DESESPERADA,  MÃE  INDIGNADA
           
As pessoas acham que as mães são pessoas exageradas, preocupadas em demasia e que não têm razão para isso.  As mães são extremosas, realmente, mas elas têm motivos  suficientes para serem assim; seja na capital ou no interior, porque as coisas ruins que podem atingir seus filhos estão em todas as partes. As drogas, os vícios, as violências, a fome, a pobreza extrema, enfim tudo aquilo que pode fazer os filhos sofrerem.
Encontrei uma mulher que saía da Delegacia do Menor Infrator, e andando próxima a ela, ela puxou papo comigo dizendo que a justiça era lenta e que nunca resolvia nada. Perguntei o porquê ela apareceu naquele lugar... ela me contou que seu filho tem 12 anos e já está roubando, usando drogas e traficando. Contou também que já tinha ido ao Conselho Tutelar e ao Juizado de Menores. Lá no conselho mandaram-na para o juizado e o juizado por sua vez a mandou para a delegacia. Ela foi, foi à delegacia assim como foi às outras duas instituições  pedir pelo amor de Deus que pegassem o filho dela e o colocasse internado, pois ela não aguentava mais o menino, não sabia mais o que fazer, porque ele não a obedecia, fugia de casa para fazer coisas erradas e ela estava vendo a hora de ele ir embora e não voltar nunca mais, em palavras claras, medo de morrer pela ru,a assassinado, Deus sabe por quem.
Pois bem, este menino apesar de ter essa mãe preocupada, pai e casa, vive pela rua, dorme por lá e não volta pra casa. O dia que essa mãe vai procurá-lo por toda a cidade e pegá-lo, resgatá-lo, ela simplesmente não dorme de noite só vigiando pra que ele não saia, ou seja, ela tem  uma vida infernal.
O pior e mais impressionante nesta história  é que  a sociedade chegou a tal ponto que uma mãe se vê obrigada a, ela mesma, entregar esse filho nas mãos da justiça por medo de perdê-lo de forma irremediável. A justiça então faz com que essa mãe fique igual a uma bolinha de ping-pong, indo  para lá e para cá, sem nada resolver, mas se ela, em uma atitude desesperada o amarrar em casa, por exemplo, para que não fuja, os próprios vizinhos darão queixa dela e ela será processada e talvez até  presa por isso; se der uns tapas de vez em quando, acontecerá a mesma coisa... então o que fazer? Deixá-lo morrer na rua? Esperar que ele mate alguém ou seja morto por aí? Perguntas que não tenho respostas e talvez ninguém as tenha, mas algo precisa ser feito pela infância brasileira e baiana, alguém tem que ajudar essas mães que não sabem o que fazer para proteger seus filhos da violência, da droga e da falta de perspectivas na vida.

Alba Brito Mascarenhas
Salvador, 26 de setembro de 2012.