sexta-feira, 21 de agosto de 2015


CRÔNICA Nº 67
SOLIDÃO: TER OU NÃO TER?

           

            As pessoas se preocupam muito com a vida dos outros esquecendo-se de suas próprias. Algumas chegam ao cúmulo de perguntarem às mulheres que não casaram, se elas são pessoas felizes ou tristes por viverem sozinhas, sem um marido, como se tê-lo fosse garantia de felicidade.
Não me casei e quando me perguntam se vivo na solidão ou coisa do gênero, respondo taxativamente: — não, não vivo na solidão, não sou infeliz, muito pelo contrário, adoro viver sozinha, faço o que quero, decido a minha vida, só dependo do meu dinheiro para viver e faço com ele aquilo que decido! Na minha casa tudo que boto no lugar  fica, minha bagunça é mantida sem que ninguém reclame. Amo a minha vida.
Ser uma pessoa bem resolvida emocionalmente ajuda muito nas questões ligadas ao viver só. Ter uma mente sã faz a pessoa “tirar de letra” os momentos ruins. É claro que nós, mulheres, necessitamos ter um homem que nos ame e queira dividir sua vida conosco, mas o fato de não tê-lo não implica na nossa total infelicidade, muitas vezes, a presença de um homem na vida de certas mulheres as atrapalha e aí sim, as fazem infelizes.
Eis um impasse próprio da vida, e para tentar explicar e entender, parafraseio o “ Ser ou não ser, eis a questão”, de Shakespeare, em Hamlet, perguntando:  ter ou não ter? Eis a questão. Ter um homem e apesar disso ter solidão? Não ter o homem e ter solidão? Não ter um homem, não ter solidão e ainda assim ser feliz? Ser feliz mesmo estando na solidão?
As questões estão postas.
Estar sozinho nem sempre significa estar na solidão. Na realidade você pode sentir solidão em meio a muitas pessoas.
Penso que não há solidão maior do que não ter mãe ou pai, pois eles são os nossos nortes, nossas referências e exemplos de vida e sem eles somos como bússolas quebradas e aqui eu afirmo: solidão é não ter os pais para beijar, abraçar e dividir suas preocupações e problemas. Não ter um homem é “fichinha” perto de não ter mãe ou pai.
            A solidão pode ser uma grande aliada. Os escritores precisam dela para escrever, pois não se cria em meio ao caos. Atores para memorizar textos; professores para planejar seus trabalhos, políticos para planejar suas mentiras,  religiosos para meditarem, mas não se pode nem se deve cair em sua armadilha porque,

a solidão é o “underground” do homem,
 no fundo da alma moram a tristeza,
a melancolia, a depressão.
Estar sozinho na  multidão,
pensamentos em turbilhão.
Buscar a si mesmo,
  com força descobrir-se,
lutar para curar-se,
deixar o túnel escuro do estar só,
voar para a liberdade e ser feliz.
Seguir em frente
 rumo ao encontro com as pessoas,
com o amor, com a vida em família
e  finalmente o encontro com a paz,
pois às vezes ficar só é importante, a solidão faz bem em alguns momentos, mas não podemos pautar a  nossa vida por ela, senão ela nos toma,  abarca  nosso ser e nos prende no seu alçapão e para sair dele dá trabalho e muita confusão.

Alba Brito Mascarenhas

Salvador, 19 / 31 de dezembro de 2013.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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