quinta-feira, 15 de maio de 2014


CRÔNICA   61

TODO MUNDO É INSUBSTITUÍVEL

 

A famosa frase “ninguém é insubstituível” é a coisa mais idiota que as pessoas passam a vida repetindo com o maior orgulho e como se todo mundo fosse obrigado a aceitar de bom grado e com sorriso largo. Isso é o que todos os dias se ouve e se lê.

Todos repetem: professores, médicos, advogados, enfim, a maioria das pessoas diz isso. Agora, perguntem a uma mãe ou a um pai se seus filhos são pessoas substituíveis; perguntem a um filho se sua mãe e seu pai são substituíveis.... aposto que todos, inclusive aqueles que acham bonito repetir a frase “ninguém é insubstituível”, dirão: não, um filho não substitui o outro; não, minha mãe, meu pai, meu irmão, todos são insubstituíveis.

É elementar que quem fala “ninguém é insubstituível” não pensa, não avalia, não analisa a frase. Ora, se “ninguém e insubstituível”, então, tanto faz você perder as pessoas que você ama? Vê-las morrer, ir embora para sempre, saber que nunca mais as verá?

Claro que todos nós somos insubstituíveis. Cada pessoa é uma pessoa, cada amigo é um amigo diferente, cada mãe, cada pai, cada filho, cada pessoa é uma pessoa única e, evidentemente, insubstituível. Quem inventou a tal frase pensa o quê? Pensa que foi feito em série? Se assim o fosse, ainda assim, cada pessoa da série seria uma pessoa diferente, seria um novo ser com suas peculiaridades e suas individualidades.

As pessoas receberam inteligência de graça para uma função específica: raciocinar. Tenho ouvido tantas coisas que me deixam preocupada. Falam um mundo de besteiras, revelam pensamentos arcaicos, fora de moda, coisas sem nexos, às vezes penso que estou vivendo em um planeta estranho. O pior é que a gente escuta essas coisas por aí que vão se reproduzindo, passando de geração em geração e virando senso comum. O senso comum não é bom conselheiro.
Por favor, pensem antes de falar, seja quem for!

 

 

Salvador, 07 de outubro de 2013

Alba Brito Mascarenhas

 

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